UEMS em Jardim promove palestra sobre feminicídio
Dia 06 de março, em ocasião do Dia Internacional de Luta da Mulher, foi realizado no auditório da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade de Jardim, um evento organizado pelas professoras Greisse Leal, Daiane Alencar e Juliana Luquez, e pelos professores Fernando Guimarães e Luiz Felipe Rodrigues, com apoio e patrocínio da ADUEMS – Jardim. Um momento de reflexão e debate acerca da realidade vivenciada pelas mulheres, em diferentes contextos históricos-sociais-econômicos, no mundo, no Brasil e no Mato Grosso do Sul, estado no ranking de números de violência contra a mulher.
Participaram do evento acadêmicos do curso de Geografia Licenciatura e Letras Licenciatura da Unidade, assim como outros docentes dos referidos cursos. O evento trouxe o lugar de fala de professoras- universitárias, mulheres cisgêneras, para conversar com a comunidade acadêmica da unidade acerca dos reflexos dos machismos e patriarcados sob as avenidas identitárias de experiências femininas.
Inicialmente, o evento apresentou um vídeo-documentário (Maioria Oprimida, disponível no YouTube), sugerido pelo Professor Fernando Guimarães, para introduzir a temática e provocar a reflexão sobre o tema. O vídeo tratou do cotidiano de um homem que vive em uma sociedade onde ele é dominado pelas mulheres, experienciando: olhares indiscretos, provocações sexuais, a deslegitimação de sua fala; enfim, a experiência da violência ética quando vê – assim como são as escrevivências da vida das mulheres – que sua vida não é passível de comoção, preservação e responsabilidade por parte das outras pessoas e da governança que autoriza a matança das mulheres a partir de discursos de ódio.
Em seguida, a professora Greisse Leal, fez uma fala explanando sobre a conexão entre os conceitos histórica e culturalmente construídos de mulher submissa, patriarcado, machismo, misoginia e cultura do estupro, que culminam em feminicídio. Contextualizando também, a capacidade de sororidade presente nas relações entre as mulheres que podem ser importante fator de responsabilização pelas vidas femininas.
Posteriormente, a professora Daiane Alencar abordou os dados relacionados ao feminicídio no Mato Grosso do Sul e, finalizando as apresentações, o professor Luiz Felipe Rodrigues encerrou com um texto destacando a emergência de construirmos debates críticos e potentes acerca das violências sofridas pelas mulheres, em sua multiplicidade, e também, a importância de exercitarmos uma escuta profunda para não silenciarmos as vozes e as ações de quem sofre essas violências.
Após esse momento expositivo, o debate foi aberto aos presentes. Registraram presença nas discussões, a representante do Sindicato em Jardim, a Profª Ana Maria de Oliveira, na ocasião, coordenadora do Curso de Licenciatura em Geografia, as Professoras Rosemere Aguero e Regiane Ramos do curso de Licenciatura em Letras. As inscrições trouxeram importantes contribuições à reflexão da condição humana da mulher e às ações que fortaleçam pautas de luta em defesa de direitos e de liberdade.
O evento adensou no ambiente acadêmico o princípio democrático da representatividade e da legitimidade da diferença, visando desconstruir processos de opressão e produzir conceitos científicos em prol do direito às vidas femininas.
Texto: Greisse Quintino Leal