UEMS/Jardim: Curso de Geografia apresenta peça de teatro sobre os Regionalismos

Por: Gisleine Rodrigues | Postado em: 14/07/2022

Curso de Geografia apresenta peça sobre os regionalismos

Alunos do curso de Geografia Licenciatura da UEMS/Jardim apresentaram a peça de teatro “Quem matou o boi?” na Festa Junina da Unidade, realizada em 29 de junho, como resultado da atividade de extensão da disciplina de Região e Regionalização, ministrada pelo Prof. Me. Luiz Felipe Rodrigues, e contou com o apoio técnico dos servidores Hudson Lolli Guetti e Aline Veríssimo.

O professor explica que o roteiro foi elaborado durante as aulas, a partir de leituras e discussões sobre as desigualdades, diferenças regionais e a construção de regionalismos no Brasil que, com presença marcante no senso comum, podem se converter em discursos excludentes, mistificadores e preconceituosos, além de servirem como ferramenta para a manipulação política. Uma das discussões que subsidiaram a construção da peça foi a leitura da obra Região e Geografia (1999) de Sandra Lencioni, em que a autora pontua que a palavra Região é bastante difundida no senso comum, ganhando um caráter polissêmico e sendo passível de mistificações geográficas e manipulação política.

Apesar do tom crítico da peça, ressaltando o contexto social, durante a trama os personagens também conseguiram arrancar risos do público com sátiras sobre as particularidades e imaginários de cada região para descobrir quem matou o boi, em trechos como:

- “Ainda mais essa gente que é do interior do país, que mora com jacaré e sucuri! Tomam aquela água com mato, tererê que fala, né?” – “Tererééé” responde o público. “Provavelmente foram eles que mataram o boi pra pegar o chifre e usar pra tomar esse treco!”, disse a carioca sobre os sul-mato-grossenses, na maioria das vezes, confundidos com “Mato Grosso”.

Seguindo no mesmo tom, outra personagem, representando a região Norte, cria outra polêmica diante das outras regiões:

- “Não dá para confiar nessa gente que come açaí de jeito estranho!”.

No final da peça, os acadêmicos de Geografia, apresentaram a crítica que buscaram expressar através dos diálogos: “o nosso Brasil é gigante pela própria natureza, pela diversidade do seu povo e de sua cultura. Mas, essa riqueza é muitas vezes convertida em desigualdades, em preconceitos e em violências. Alguns dos regionalismos que aqui demonstramos, são ideias que mascaram a realidade social e que expressam muito como esses fatores, como o racismo, o sexismo, a desigualdade de classes e a xenofobia, atravessam o nosso cotidiano, escondendo a multiplicidade de cada região e os verdadeiros motivos das desigualdades regionais. Estas envolvem interesses político-econômicos, e muitas vezes são planejadas para o privilégio e acúmulo de riquezas pelas classes dominantes.

“A situação de desigualdade é, também, resultado da falta de reconhecimento da formação do território brasileiro e da nossa própria e verdadeira história, o que nos faz desvalorizar o potencial da nossa diversidade. Tal realidade alimenta a dependência, a exploração, a dominação e a discórdia.  Como ecoa o Sangue Latino de Secos e Molhados: “Os ventos do norte não movem moinhos””, agradecem os alunos ao fim de sai apresentação.

O boi cenográfico foi produzido pelo discente José Roberto Rodrigues e doado para a Unidade para ser utilizado em outras atividades da Universidade, como também nas escolas e outros espaços comunitários da região.